Um dos maiores traders de carnes do País, o Ramax Group, com forte atuação na China, Estados Unidos e Oriente Médio, realizou seu 1º dia de campo em 14 de dezembro, no confinamento da empresa, em Novo Horizonte do Norte (MT), com participação de cerca de 430 pessoas, dentre elas o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que aproveitou o evento para anunciar o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos.
Segundo o CEO da Ramax, Magno Gaia, o objetivo do dia de campo foi encurtar a distância entre a cadeia pecuária bovina e seu principal cliente no mercado externo: os importadores chineses, representados no evento pelo empresário Richard Lin, que é fundador do Unifood Industrial Group, terceiro maior importador de carnes da China (300.000 t/ano) e CEO da Linking Fresh, responsável por um projeto inovador de comércio de produtos congelados pela internet.
O Ramax Group confirmou sua adesão à plataforma chinesa, que foi criada em 2018 para facilitar transações de compra e venda, conectando diretamente os varejistas locais com quase 300 fornecedores estrangeiros, de mais de 30 países. Basta se cadastrar, cumprir os requisitos exigidos e realizar a transação.
A plataforma já reúne mais de 20.000 comerciantes, 1.000 plantas de processamento e 100 empresas de cadeia de suprimentos, além de 200 câmaras frias, quase 10.000 veículos refrigerados e 100 fábricas “em nuvem”, fornecendo serviços completos de gerenciamento, processamento e atendimento a clientes. Em 2018, inclusive, a Linking Fresh assinou com a JBS um acordo de cooperação estratégica com receita projetada de US$ 800 milhões.

Interesse pelo Brasil
Durante sua palestra, Richard Li ressaltou a importância da parceria com o Grupo Ramax, que presta serviços a pequenos e médios frigoríficos no Brasil, ajudando-os a posicionar seus produtos no mercado internacional. “Houve amor à primeira vista entre nossas empresas”, brincou ele, mencionando não apenas a existência de sinergias entre elas, mas também de uma visão empresarial comum.

Conforme explicou Lin, as importações chinesas de carnes (todas as espécies compreendidas) passaram de 4 para 10 milhões de toneladas, entre 2017 e 2020 (época da epidemia), e hoje se situa em torno de 7,38 milhões de toneladas, tendo o Brasil como principal parceiro.
“O consumo per capita de carne bovina na China é de apenas 6,9 kg. Temos uma população de 1,4 bilhão de pessoas, então, vocês podem calcular o potencial do nosso país como importador do produto no futuro, com um maior esforço de promoção”, salientou o empresário, mencionando que os chineses ainda preferem carne de porco, cujo consumo é de 54 kg/habitante/ano.

A plataforma Linking Fresh permite saber onde a carne brasileira efetivamente está chegando, o que, segundo Lin, favorece a definição de estratégias mais precisas de negócio. Todo o processo pode ser acompanhado por meio de um aplicativo no celular.
“É possível, inclusive, fazer promoção de marcas do Brasil na China, como já fazemos com a Super Farm, da Nova Zelândia, por exemplo. Eu acredito que a carne do boi brasileiro a pasto é mais saudável e mais natural”, ressaltou o empresário, sendo aplaudido pelos produtores.
Boi com GPS
Durante o dia de campo, a Ramax também anunciou um projeto, ainda em fase piloto, que permitirá ao pecuarista usar o boi como garantia para empréstimos bancários, o que não é possível atualmente. “Hoje, os bancos preferem aceitar um carro para esse fim, apesar da depreciação que ele sofre a cada dia, do que o boi, que se valoriza enquanto engorda. Mas, hoje, temos tecnologia para mudar essa situação”, informou Magno Gaia.
A tecnologia mencionada pelo empresário é a Plataforma CattleVis, desenvolvida pela startup Spacevis. Ela permite localizar todos os animais de um rebanho por meio de brincos eletrônicos munidos de GPS. Pelo celular, é possível monitorá-los continuamente, o que dá garantias reais à instituição financeira. A empresa Soma Asset já está participando do projeto e fornecendo crédito aos produtores com base nesta ferramenta.
Além dessas novidades, a programação do dia de campo do Ramax Group inclui uma série de palestras sobre as exportações de carne brasileira, o papel do boi China na modernização do setor nos últimos anos, curiosidades sobre o mercado consumidor chinês, pecuária de precisão, riscos sanitários em confinamentos e tendências da arroba em 2025.


O evento foi encerrado por um churrasco, acompanhado de muita música sertaneja.